ESCOLA BIBLICA DOMINICAL ***

Conteúdo Adicional para as aulas de Lições Bíblicas Mestre

Produzidos pelo Setor de Educação Cristã

Subsídios extras para a lição:
O Ministério Profético na Bíblia,

a voz de Deus na Terra


3º trimestre/2010


Adquirindo Sabedoria através do Estudo da Palavra de Deus.


PARA MEDITAR:

Gen 41:39 - Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.

Pro 9:9 - Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina.

Pro 16:16 - Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata!

Lição I João - Os Fundamentos da fé cristã e a perfeita comunhão com o Pai

Lição 01 - A Primeira Carta de João











Leitura Bíblica em Classe


1 João 1.1-4






Introdução:


I. Entendendo a Carta de João, o Apóstolo


II. Conhecendo o Autor da Carta


III. O propósito da Carta a João






Conclusão:






Palavras-chave: Natureza de Cristo






Introdução


Caro professor, inicie a primeira aula deste trimestre apresentando aos alunos o tema geral das Lições Bíblicas: “1 João: os fundamentos da fé cristã e a perfeita comunhão com o Pai”. Comente que mesmo sendo uma epístola relativamente pequena, a Primeira Epístola de João apresenta porções doutrinárias que são fundamentais para o perfeito entendimento da fé cristã.


I. Entendendo a Carta de João, o Apóstolo


Professor, dê inicio a este tópico perguntando quem já leu a Primeira Epístola de João. Já na primeira aula, incentive os alunos a lerem toda a Epístola. Explique que os problemas que João enfrentou em sua época são também os problemas da época em que vivemos.


João escreveu esta carta para levar os crentes de volta ao caminho, mostrar a diferença entre a luz e as trevas (a verdade e o erro), e encorajar a Igreja a crescer no amor genuíno a Deus e de uns para com os outros. Também descreveu para assegurar aos crentes verdadeiros que eles possuíam a vida eterna, e para ajudá-los a saber que sua fé era genuína. Assim poderiam apreciar todos os benefícios de serem filhos de Deus.


II. Conhecendo o Autor da Carta


•A Epístola de 1 João foi escrita pelo próprio João, um dos 12 discípulos originais de Jesus. Ele provavelmente foi o “discípulo a quem Jesus amava” (Jo 21.20) e, junto com Pedro e Tiago, teve um relacionamento especial com Jesus. Esta carta foi escrita entre 85 e 90 d. C., de Éfeso, antes do exílio de João na ilha de Patmos (ver Ap 1.9). Jerusalém havia sido destruída em 70 d.C., e os cristãos foram espalhados por todo o Império Romano. Quando João escreveu esta carta, o cristianismo já existia há mais de uma geração. João enfrentou e sobreviveu à acirrada perseguição contra os cristãos. O principal problema que confrontava a Igreja neste momento era a decadência do comportamento: muitos crentes estavam se conformando com os padrões do mundo falhando em viver de acordo com os padrões de Cristo, e assim comprometendo a sua fé. Os falsos ensinadores eram muitos, e estavam acelerando a queda da Igreja, afastando-a da fé cristã.


•João já era um idoso, e talvez fosse o único apóstolo vivo naquele momento. Ele ainda não havia sido enviado à ilha de Patmos, onde viveria como exilado. Como testemunha ocular de Cristo, ele escreveu com toda a autoridade para dar, a esta nova geração de crentes, segurança e confiança em Deus e na sua fé.


III. O Propósito da Carta de João


• Professor, dê inicio a este tópico fazendo a seguinte pergunta: “Qual foi o objetivo de João ao escrever sua Primeira Epístola?”


Por que 1 João foi escrito? A primeira resposta a essa pergunta (e a mais clara) é aquela que o próprio João dá próximo ao fim de sua carta. Está expressa em 1 João 5.13: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus”. A ênfase está na palavra “saibais”. Ele escreveu para cristãos. Assim, o primeiro objetivo de João é dar aos cristãos a certeza absoluta de sua salvação.


A natureza desse objetivo é vista com clareza quando contrastada com a declaração igualmente explícita do objetivo de João ao escrever o seu Evangelho. Próximo ao fim do Evangelho, João diz que houve muitas outras coisas que Jesus fez que não estavam registradas, mas que “estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, é para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Aqueles para quem ele estava escrevendo ainda não eram cristãos, e seu objetivo era levar aqueles leitores à fé. Em sua primeira epístola, seu propósito é levar aqueles que já acreditavam a uma compreensão mais profunda da fé e a uma confiança naquilo que eles já possuíam.


• Professor, explique que João escreveu sobre a comunhão com os outros crentes e que existem 3 princípios por trás da verdadeira comunhão cristã, a saber: 1) Nossa comunhão está baseada no testemunho da Palavra de Deus. Sem esta força subjacente, a união é impossível. 2) É mútua, dependendo da união dos crentes. 3) É diariamente renovada através do Espírito Santo. A verdadeira comunhão combina a interação social e espiritual e se torna possível somente através de um relacionamento vivo com Cristo.


Conclusão


Cada cristão deve, além de estar em contato permanente com a Palavra de Deus — condição básica para manter-se fiel até a volta de Cristo —, permanecer na luz e cultivar o seu amor pelos irmãos.


Extraído de:


BOICE, Jaime Montgomery. As Epístolas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.


Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD.


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Lição 03 - Jesus, a luz dos crentes










Leitura Bíblica em Classe


1 João 1.5-7; João 1.4-12


Introdução:






Introdução


Nenhum dos Escritores bíblicos nos fala tanto sobre o que Deus realmente é do que o apóstolo João. Todos falam sobre o que Ele faz. Alguns descrevem a glória que o cerca. Mas João relata o que Deus é em sua real natureza. Sobre quem é Deus João deu uma resposta que ao mesmo tempo é simples e profunda. O que é Deus? João responde: “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”.


I - Jesus o Filho de Deus ( Humano e Divino)


A união entre as naturezas humana e divina na Pessoa única de Jesus. Entender adequadamente esta doutrina depende da completa compreensão de cada uma das duas naturezas e de como se constituem na única pessoa.


Paulo oferece um testemunho claro da divindade de Jesus: “Haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que sendo forma de Deus, não teve usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, (Fp 2.5-7).


As informações do Novo Testamento a respeito desse assunto levam-nos a reconhecer que Jesus não deixou de ser Deus durante a encarnação. Pelo contrário, abriu mão apenas do exercício independente dos atributos divinos. Ele ainda era pela Deidade no próprio ser, mas cumpriu o que parece ter sido imposto pela encarnação: limitações humanas reais, não artificiais. Vemos que a natureza divina e a natureza humana estão juntas na Pessoa única de Jesus Cristo.


A expressão “Filho de Deus” nas Escrituras indica claramente a natureza divina de Jesus. Sua procedência revela que Ele compartilha a mesma essência e natureza do pai. O Mestre mesmo o disse: “Saí e vim do Pai ao mundo”, (Jo 16.28).


II - Jesus é a Luz


A Palavra de Deus ensina enfaticamente que Deus é Luz (1 Jo 1.5; Sl 27.1) e que “habita na luz inacessível”, ( 1Tm 6.16). Esse título divino seria também uma designação do Messias, o Servo do Senhor ( Is 42.6,7; 9.2; Mt 4.16) O termo “Luz” aparece cerca de 20 vezes no evangelho de João (1.4,5;3.19;8.12;12.46), e , na maioria das ocasiões, refere-se a Jesus como a Luz do mundo (Jo 8.12). No relato da criação, lemos que Deus, pelo poder de sua Palavra, fez surgir a luz, que desfez o caos, (Gn 1.2,3). O Senhor Jesus é a “Luz do Mundo”, e por isso desfaz o caos da vida humana ( 2Co 4.6). Nos dois primeiros capítulos João expõe à luz de Deus, contrastando a pureza deslumbrante da sua natureza (Jo 1.5,6). O teste para sabermos se habitamos ou não na luz é se amamos ou não nossos irmãos.


III - As trevas se opõem a luz


Tanto no evangelho quanto na epístola, o termo luz é colocado em contraste direto coma a treva. Aqui está o propósito da auto-revelação de Deus – que a treva seja invadida e desafiada pela luz.


Tanto luz como treva são termos espirituais que denotam qualidades opostas santidade e pecado. Deus é Luz, Santidade e Pureza, e é a natureza da Luz revelar-se a si mesma. Mas a luz não pode ser revelada a qualquer coisa incapaz de recebê-la. Deus tem se revelado por meio do mundo físico mas não para ele. A revelação somente pode vir seres racionais, capazes de fazer uma escolha. Eles podem aceitar ou rejeitar uma certa revelação. “Somente o homem é capaz de ser luz, isto é, ele pode receber a natureza do Logos que emana em sua direção, para que seja conscientemente transformado nela”.


Deus se revelou com o propósito de dar sua vida e luz ao homem, para que o caráter do homem possa estar em harmonia com a natureza divina. Nenhuma tem comunhão com Deus – a comunhão da vida eterna compartilhada – enquanto viver nas trevas. Se uma pessoa afirma ter esse tipo de comunhão, vive uma vida não afetada pela luz, ela está enganado a si mesmo. João declara que esse homem é mentiroso. Não é uma questão de opinião, nem de testemunho, mas da verdade da auto-revelação de Deus. Um homem escolhe viver na escuridão, não conhece a comunhão com Deus e com seus filhos.


Essa luz de Deus revelada é semelhante ao sol, que dissipa as trevas. Essa figura, no entanto, não se encaixa no pensamento de João. Ela havia dito que “ as trevas não a derrotaram” (Jo 1.5, NVI), mas ele nunca diz que a luz derrotou completamente as trevas. O mundo continua nas trevas do pecado e não há promessas que essas trevas serão destruídas enquanto durar o tempo. Analogia melhor é a de um holofote que penetra a escuridão traçando um caminho no meio dela. João fala desse tipo de caminhar na luz, mesmo no meio de trevas circundantes. Mas as trevas não podem derrotar a luz; aquele que anda na luz desfruta da comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.


IV Vivendo como Filhos da Luz


No Evangelho escrito por João, ele explica que para sermos filhos da luz precisamos crer na luz, obviamente que Jesus é a luz.


Conduzir a vida e alguém em amor dá dinamismo à vida. Não há motivo mais forte a nos fazer agir. Mas o amor deve ter direção, também. Por isso o apóstolo Paulo conclama aos amados: “Andai na luz” ( Ef 5.8). Paulo contrasta a mudança espiritual usando um linguajar surpreendente: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas agora, sois luz no Senhor”. Antigamente, os efésios não só andavam às apalpadelas nas trevas, mas eram parte das trevas, sendo contribuintes para as trevas do pecado. Hoje, pela graça, eles são participantes da luz. Possuir luz ou estar na luz também indica a plena graça de Deus para viver de modo santo. Jesus falou sobre todo cristão ter todo o copo luminoso, não tendo em si parte alguma em trevas, (Lc 11.34-36).


Conclusão


Jesus é a luz que dissipa as trevas e como filhos da luz devemos refletir a Cristo, tendo uma vida reta e santa diante de dEle e dos homens. O cristão deve ter em sua mente o que o apóstolo ensinou que devemos andar como filhos da luz. Não podemos participar das obras das trevas. Os filhos da luz têm que reprovar os caminhos dos pecadores e não fazer parte dele.


Extraído de:


HORTON,Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.


PHILLIPS, John. Explorando as Escrituras. Rio de Janeiro: CPAD.


Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9 e 10. Rio de Janeiro: CPAD.


BOICE, James Montgomery. As Epístolas de João. Rio de Janeiro: CPAD.


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Lição 04 - Jesus, o Redentor e Perdoador










Leitura Bíblica em Classe


1 João 2.1,2; Éfeso 1.6,7; Apocalipse 5.8-10






Introdução:






I. A Realidade do Pecado


II. O Perdão ao Nosso Alcance


III. A Satisfação da Justiça Divina


IV. Livres do Pecado






Conclusão:






Palavras-chave: Perdão, propiciação






Introdução


Professor, é impossível pensar num cristianismo sem a cruz, sem o sacrifício de Jesus. Nesta lição veremos o que o Senhor Jesus realizou em favor da humanidade perdia (Jo 3.15). Cristo morreu e ressuscitou ao terceiro dia para que tivéssemos vida. Ele pagou a nossa dívida, perdoando nossos pecados. Todavia, a certeza do perdão não é um incentivo ao pecado, mas justamente ao contrário.


I. Entendendo a Carta de João, o Apóstolo


Professor, dê inicio a este tópico fazendo a seguinte pergunta: “O que é pecado?” (R: Na Bíblia, o sentido-chave de pecado é “errar o alvo”.) Explique que o pecado é o fracasso em viver de acordo com os padrões de Deus. Ninguém é capaz de cumprir todas as leis do Senhor o tempo todo (Rm 3.23). Todos nós ficamos aquém do padrão infinitamente perfeito do Senhor.


Jesus ensinou muita coisa a respeito do pecado humano. Na verdade, Ele pinta um retrato desolador dessa difícil situação humana. Jesus ensinou que, desde a Queda, todo homem e toda a mulher são perversos (Mt 12.34) e capazes de fazer grandes maldades (Mc 7.20-23). Além disso, disse que o homem está totalmente perdido (Lc 19.10), que é pecador (Lc 15.10) e que precisa se arrepender diante do Deus santo (Mc 1.15) e nascer de novo (Jo 3.3, 5,7).


Muitas vezes Jesus falou do pecado por metáfora a fim de ilustrar a destruição que ele pode trazer para a vida da pessoa. Ele descreveu o pecado como cegueira (Mt 23.16-26), doença (Mt 9.12), escravidão (Jo 8.34) e trevas (Jo 12.35-46).


[...] Precisamos de uma cura ou remédio poderoso, pois o pecado humano é um problema terrível. A doença do homem não será curada com nenhum “curativo” espiritual. Como logo veremos, o remédio é Jesus Cristo.


Algumas pessoas, principalmente os católicos romanos, fazem distinção entre pecados mortais (pecados irreconciliáveis) e pecados venais (pecados menores). O problema com essa forma de percepção é que se a pessoa pensa que a maioria de seus pecados é venial, talvez pense que, em essência, é uma boa pessoa. Ela talvez não perceba a terrível necessidade que tem de um Salvador.


A Bíblia não faz distinção entre pecados mortais e veniais. De fato, alguns pecados são piores que outros (Pv 6.16-19), contudo as Escrituras nunca declaram que apenas certos tipos de pecados levam à morte espiritual. Todos os pecados trazem morte espiritual não apenas uma determinada categoria de pecados (Rm 3.23). Podemos dizer que qualquer pecado é mortal, pois traz morte espiritual e afastamento de Deus. Como veremos, até mesmo o pecado menor nos torna legalmente culpados diante do Senhor e merecedores da pena de morte (Rm 6.23).






II. Conhecendo o Autor da Carta


Professor, dê inicio ao segundo tópico fazendo as seguintes perguntas: “A garantia do perdão em Cristo realmente leva à santidade?” “Não seria o contrário?” “Se sabemos que estamos perdoados de antemão, não nos sentimos livres para pecar?” (R: Explique que o conhecimento do amor de Deus e do seu perdão imerecido torna o cristão profundamente desejoso de não pecar contra eles.)


[...] O princípio de 1 João 2.1,2: perdão de antemão para qualquer pecado que pode ocorrer em nossas vidas. Essa é a promessa de Deus que nos é dada para que não pequemos. Deus não fica chocado com o comportamento humano, como ficamos com frequência, pois Ele vê tudo de antemão, incluindo os pecados dos cristãos. Mais ainda, e apesar disso, Ele nos enviou seu Filho para morrer pelos pecados de seu povo a fim de que possa haver perdão total. Esse amor é incomparável. Tal graça fica além da compreensão. Mas Deus nos fala sobre esse amor e essa graça para que possamos vencer por eles e determinar, dando-nos Deus a força, que não vamos falhar com Ele.


Às vezes falhamos com Ele, apesar de sua garantia de perdão. E então? Nesse caso, diz João, devemos ir a Deus para confessar o pecado e buscar perdão, sabendo que somos capazes de chegar a Ele por meio da obra de Cristo, como os filhos se aproximam de um pai. Nessa declaração, as referências à purificação por meio do sangue de Cristo (1.7), à promessa de perdão e purificação para aqueles que confessarem seus pecados (1.9), e à chamada à santidade (2.1,2) estão juntas.


III. O Propósito da Carta de João


• Professor, pergunte aos seus alunos: “Se o crente vier a falhar, o que ele deve fazer?”


A obra de Cristo é a base sobre a qual o cristão pode se aproximar de Deus em busca de pleno perdão e total purificação. João usa três termos para descrever isso. O primeiro é “advogado”, ou “alguém que fala em nossa defesa”. Esse é um termo legal, em grego e em português; mas em grego, ao contrário do português, a palavra tem um sentido passivo, e não ativo. Descreve alguém que é chamado para ajudar outros, em particular num tribunal. É fácil ver, então, como João consegue usar a palavra para Jesus; pois ele simplesmente quer dizer que Jesus é aquEle que chamamos para nos ajudar perante o tribunal de Deus.


[...] A palavra advogado não aparece fora dos escritos de João, mas o ministério de Cristo ao qual se refere ocorre em muitos lugares. Jesus prometeu a Pedro que iria interceder por ele para que sua fé não falhasse após ter negado seu Senhor (Lc 22.32). João 17 registra uma oração com esse mesmo objetivo em favor de todos os crentes. Jesus declarou: “E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos anjos de Deus” (Lc 12.8). Paulo descreve Jesus como sendo aquEle que “Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34).


Porém, existe uma coisa que deve ser percebida no uso feito por João da palavra “advogado”. Quando o termo é usado no sentido legal nos dias de hoje, normalmente pensamos sobre o trabalho de um advogado ao acrescentar todo caso a respeito do réu: ou seja, ao defender o acusado a respeito dos méritos de seu caso. Em João, a ideia de mérito da parte do acusado é ausente; em vez disso, o mérito vem da parte do advogado. A antiga ideia é ilustrada pelo uso de um termo do antigo tratado rabínico Pirke Aboth: “Aquele que segue a lei ganha para si um advogado, e aquele que comete uma transgressão ganha para si um acusador” (4.13). No Novo Testamento, é inteiramente uma questão da graça de Deus.


IV. Livres do Pecado


João chama Jesus de “propriciação pelos nossos pecados”, acrescentando “e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”. A palavra propiciação era utilizada extensivamente em antigos escritos pagãos para referir-se a oferendas dadas a um deus raivoso de modo a aplicar a sua ira. Mas isso é incompatível com o caráter do Deus cristão, dizem alguns acadêmicos. Deus não é um Deus raivoso, de acordo com a revelação cristã. Ele é gracioso e amoroso. Mais ainda, não é Deus quem fica separado de nós por causa do nosso pecado, mas sim nós que nos separamos de Deus. Ou, ainda, não é Ele que tem de ser propiciado, mas nós mesmos. De acordo com esse pensamento, devemos nos referir à propiciação não como aquilo que Jesus fez com relação a Deus, com o que foi feito por Deus em Cristo pela nossa culpa. Ela foi “coberta”, “desinfectada” ou “expiada” por sua morte. Assim, por essa visão, a Bíblia nunca faz de Deus o objeto da propiciação.


Mas isso não é tudo. Em primeiro lugar, mesmo sendo verdade que não podemos misturar o conceito cristão de Deus com o caráter petulante de deidades do mundo antigo, ao mesmo tempo também não podemos esquecer sua justa ira contra o pecado, de acordo com a qual ele será punido, seja em Cristo ou na pessoa do pecador. Aqui, todo o âmbito da revelação bíblica precisa ser levado em consideração.


Segundo, embora a palavra propiciação seja utilizada nos escritos bíblicos, não é usada exatamente com o mesmo sentido que nos escritos pagãos. Nos rituais pagãos o sacrifício era o meio pelo qual um homem aplacava um deus ofendido. No cristianismo nunca é um homem que toma a iniciativa ou faz o sacrifício, mas o próprio Deus que, em virtude do seu imenso amor pelo pecador, providencia o meio pelo qual a sua própria ira contra o pecado possa ser aplacada. Em 1 João 4.10, a única outra passagem do Novo Testamento que usa exatamente a mesma forma da palavra encontrada em 2.2, o amor de Deus é enfatizado. Essa é a verdadeira explicação para que Deus nunca seja o objeto explícito da propriciação nos escritos bíblicos. Ele não é o objeto porque é, o que é mais importante ainda, o sujeito. Em outras palavras, Deus aplaca a sua própria ira contra o pecado para que seu amor possa abraçar e salvar totalmente o pecador.


É no sistema sacrificial do Antigo Testamento que a ideia verdadeira da propiciação é observada mais claramente, pois se alguma coisa é estabelecida pelo sistema de sacrifícios (no sentido bíblico do sacrifício), é que o próprio Deus forneceu o meio pelo qual um pecador pode se aproximar dEle. Pecado significa morte. “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. [...] A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez 18.4,20). Todavia os sacrifícios ensinam que existe um modo de escapar e de aproximar de Deus. Outra pessoa pode morrer no lugar do pecador. Isso pode parecer impressionante, e até mesmo (como alguns sugeriram erroneamente) imoral; mas é isso o que o sistema de sacrifícios ensina. Como consequência, o indivíduo israelita era instruído a levar o animal para o sacrifício sempre que se aproximasse de Deus; a família tinha que matar e consumir um animal na observância anual da Páscoa; a nação tinha que ser apresentada pelo sumo sacerdote anualmente no Dia do Perdão, quando sangue era aspergido sobre o trono de misericórdia da Arca da Aliança dentro do Santo dos Santos no templo judaico. Essa última cerimônia pode ser no que João está pensando nessa passagem. É bom lembrar que João referiu-se ao derramar do sangue de Cristo poucos versículos antes (1.7).


O próprio Jesus é a propiciação, então, é pela virtude de seu ser que Ele pode ser nosso advogado. “Nosso advogado não alega nossa inocência; ele reconhece nossa culpa e apresenta o seu sacrifício vicário como a base para nossa absolvição”. Aqui repousa a confiança do cristão, pois não é com base em nosso mérito, mas com base apenas na obra completa de Cristo que temos a ousadia de nos aproximar de um Pai reto e celestial.


Conclusão


Se Jesus fez tanto por nós, e não por nós, mas também por homens e mulheres espalhados por todo o mundo, e se isso naturalmente nos leva a louvá-lo, será que isso também não nos deveria levar à santidade? Não deveria nos impelir a cumprir o desejo de João de que seus filhos não pecassem? Claro que sim, hoje e sempre. De fato, deveríamos dizer como Paulo: “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.14,15).


Extraído de:


RHODES, Ron. O Cristianismo Segundo a Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.


BOICE, James Montgomery. As Epístolas paulinas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006


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Lição 05 - A Força do Amor Cristão










Leitura Bíblica em Classe


1 João 2. 7-11; 3.14-18






Introdução:






I. O Mandamento Atemporal


II. O Contraste entre Luz e Trevas


III. A Demonstração Comunitária do Amor






Conclusão:






Palavras-chave: Amor






Introdução


Professor, o capítulo 13 de 1 Coríntios explica claramente o que Deus quer dizer com amar. Este “capítulo do amor” mostra-nos o que é amar, como se espera que amemos aos outros e como Deus nos ama, leia o mesmo com atenção.


I.O Mandamento Atemporal


• Professor, inicie o tópico fazendo a seguinte indagação: “Em que sentido o mandamento de amar é um novo mandamento?” Depois de ouvir os alunos, explique que é novo no sentido que recebeu uma ênfase inteiramente nova e foi elevado a um novo nível pelos ensinamentos e pelo exemplo de Jesus.


• Em Jesus o amor se torna novo quanto à sua extensão. Na época de Cristo, o amor não era algo novo, mas ao mesmo tempo havia alguns que consideravam o amor como uma obrigação limitada a um círculo fechado de amigos ou, numa extensão maior, a uma nação. Para os judeus ortodoxos, o pecador não deveria ser amado. Em vez disso, ele era alguém que Deus desejava destruir. Tampouco os gentios deveriam ser amados. Eles foram criados por Deus para o inferno. Em contraste, Jesus estendeu seu amor a todos. Ele se tornou o “amigo dos pecadores”, um ouvinte simpático e professor de mulheres (que também eram desprezadas), e eventualmente alguém por quem a salvação foi estendida até para o mundo gentílico. Suas últimas palavras aos discípulos foram para que fizessem discípulos de todas as nações (Mt 28.19) e que eles deveriam ser testemunhas “em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).


Em Jesus o amor tornou-se novo quanto à sua distância. Aqui as pessoas precisam olhar para a cruz, pois é na cruz que a altura e a profundidade do amor de Deus são vistas, e não são vistas com a mesma gradação em nenhum outro lugar. A que distância vai o amor de Deus? A distância até a qual o Filho de Deus assume sobre a si a forma humana, morre na cruz, carrega sobre si os pecados de toda uma raça caída para que, ao receber a punição por aquele pecado, Ele esteja de fato alienado de Deus, o Pai, e assim grita em profunda agonia: “Deus meu, por que me desamparastes?” (Mc 15.34). Essa é a distância até aonde o amor de Deus vai. É aí que o amor se torna uma coisa inteiramente nova em Cristo.


Em Jesus o amor se faz novo quanto à sua intensidade. João indica isso ao acrescentar no versículo 8 “é verdadeiro nele e em vós; porque vão passando as trevas, e já a verdadeira luz alumia”. Nesse versículo, “verdadeira” significa “genuína”, e a questão é que o amor verdadeiro ou genuíno, como a retidão genuína agora está presente não apenas em Jesus, mas também naqueles que foram feitos vivos. Nesse sentido, o que não era possível na dispensação do Antigo Testamento agora é possível; pois a vida de Jesus, que se expressa em amor; está em seu povo.






II.O Contraste entre luz e Trevas


“Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas” (2.9).


O apóstolo traçou contrastes entre luz e trevas, verdade e falsidade, e agora entre amor e ódio. Nesses termos ele aponta inconsistência entre profissão de fé e conduta, bem como erros na teologia. Ninguém pode fazer melhor do que sabe; mas nesse caso, houve uma ignorância voluntária, decorrente da falha de andar na luz e manter o amor vivo. As trevas tinham cegado os olhos. Desatentos com o que havia acontecido, eles estavam vivendo no passado, um passado brilhante, do qual se gloriavam, enquanto as trevas os engoliam.


Sem dúvida esse tipo de pessoa fazia parte da minoria. Mas o problema era real na Igreja, e João tinha de lidar com isso. Para o corpo principal de “amados” ele escreveu: “Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele há escândalo” (2. 10). Ele não tropeça nem cai nas trevas, nem é causador da queda de outros. Ensinamentos heréticos e seus defensores sempre causaram simpatia em um número desproporcional de membros da Igreja e seus líderes. A verdade é menos espetacular, mas sua natureza é eterna.


III.Demonstração Comunitária do Amor


• Professor, pergunte aos seus alunos: “O que é o amor afinal?”


O amor não é apenas um certo sentimento agradável. Não é um sorriso. É uma atitude que determina o que alguém faz. Assim, é impossível falar sobre o amor sem pelo menos sugerir algumas das ações que deveriam fluir a partir dele, assim como é impossível falar sobre o amor de Deus sem mencionar coisas tais quais a criação do homem à sua imagem, a entrega da revelação do Antigo Testamento, a vinda de Cristo, a cruz, o derramamento do Espírito Santo e outras realidades.


O que significa amar? O que vai acontecer se aqueles que professam a vida de Cristo amarem de fato uns aos outros?


Primeiro, significa que quando o cristão falhou em amar seu irmão e, assim, agiu de modo errado com relação a ele, então irá até ele e dirá que sente muito. Parece fácil, mas não é, como qualquer um que tenha tentado fazer isso sabe. Mesmo assim, mais do que qualquer coisa, expressa o amor e restaura aquela unidade que Jesus disse que deveria fluir de fato de que os cristãos amam uns aos outros e pela qual sua confissão é verificada ante o mundo.


Segundo, como a ofensa vem frequentemente da parte dos outros devemos demonstrar nosso amor pelo perdão. Isso é muito difícil, em particular quando a outra pessoa não pede desculpas.


O próprio João aprendeu a amar a esse ponto, pois anteriormente em sua vida ele era conhecido como um dos “Filhos do trovão”. Certa vez ele desejou que viesse fogo do céu sobre aqueles que rejeitam a Jesus (Lc 9.54). Mas à medida que passou a conhecer mais sobre o Espírito, passou a amar cada vez mais e mais.


Terceiro, precisamos demonstrar o amor com ações práticas, mesmo quando isso custa muito. O amor custou ao samaritano da parábola de Cristo. Custou a ele tempo e dinheiro. O amor custou ao pastor que se esforçou para encontrar sua ovelha. O amor custou a Maria de Betânia que, com seu amor, trouxe um frasco líquido caríssimo aos pés de Jesus. O amor vai custar para todos que o praticam. Mas o que é comprado com ele será de grande valor, embora intangível; pois será a prova da presença da vida de Deus tanto para o indivíduo cristão quanto para o mundo que o observa.






Amor é ódio, 3. 14-18 – João tem ressaltado o caráter oposto entre o amor e o ódio. É natural — mesmo que nem sempre manifesto — para o cristão amar os outros. Também é natural para as pessoas do mundo odiar o cristão. Talvez esperássemos que João tivesse ressaltado o amor do cristão pelo mundo pecador (Jo 3.16) em resposta ao ódio que o mundo tem pelo cristão. E visto que ele não o fez, poder-se-ia concluir que o amor ao mundo (da humanidade) não é ordenado ao cristão. Mas esse argumento do silêncio não tem força. O assunto de João é evidência do caráter cristão em vez da preocupação evangelística que a Igreja deveria manifestar. O amor pelo irmão é um argumento melhor do que o amor pelo mundo pecaminoso, porque se alguém não consegue amar “os filhos de Deus”, como se poderia esperar que amasse os “filhos do diabo”?


O amor aos irmãos, então, torna-se um critério para julgar se alguém se converteu do pecado. “Vida e amor são dois aspectos do mesmo fato do mundo moral, como é o caso da vida e crescimento no mundo físico: um aspecto indica o estado, o outro a atividade”. Mas aquele que não tem amor não tem vida — ele permanece na morte. Mais do que isso, ele é um homicida, como Caim. Essa é uma linguagem forte, mas segue o que Jesus disse em Mateus 5.28. A motivação sempre é mais importante do que o ato manifesto. E aquele que tem o propósito em seu coração não pode ao mesmo tempo ter vida eterna.


Conclusão


Na igreja cristã, o amor não deve ser apenas expresso através de demonstrações de respeito; é preciso também expressá-lo através da abnegação e da atitude de servir (Jo 15.13). O amor pode ser definido como uma “adoção abnegada”, alcançando, além dos amigos, os inimigos e os perseguidores (Mt 5.43-48). O amor deve ser a força unificadora e a marca identificadora da comunidade cristã. O amor é chave para andarmos na luz, porque não podemos crescer espiritualmente enquanto odiamos os outros. Nosso crescente relacionamento com Deus resultará no nosso relacionamento com as outras pessoas.






Extraído de:


Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.


BOICE, James Montgomery. As Epístolas Paulinas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 62-65.


TAYLOR. Ricahrd S. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 313.


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Lição 06 - O Sistema de Viver do Mundo










Leitura Bíblica em Classe


1 João 2. 15-19; João 15.18,19






Introdução:






I. O que é o mundo?


II. Como o cristão deve viver neste mundo






Conclusão:






Palavras-chave: Mundo






Introdução


Professor, aqueles que almejam o alto padrão da vida cristã descrito por João não devem amar o mundo e o que no mundo há (v. 15). Fomos chamados a viver uma vida separada deste mundo, com objetivos infinitamente mais nobres que honram o nome do Altíssimo, que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).


I.O que é o mundo?


• Professor, inicie o tópico fazendo a seguinte indagação: “O que é o mundo?” Explique aos alunos que “mundo é o sistema de vida que foi estabelecido pelo homem não regenerado debaixo da influência do mal”.


• A palavra grega Kosmos, quando usada no sentido teológico, diz respeito à ordem ou organização da sociedade humana como um sistema deformado pelo pecado, superficial, envolto num turbilhão de crenças, desejos e emoções. O mundo é antagônico a Deus (Cl 2.20; 1 Jo 2.16) e está sob o comando de Satanás (1 Jo 5.9).


II.Como o cristão deve viver neste mundo


Os cristãos não devem amar o mundo. A primeira razão por que os cristãos não devem amar o mundo ou as coisas que estão nele é que o amor pelo mundo e o amor pelo Pai são incompatíveis. Deus se coloca contra os pecados e os valores do mundo. Consequentemente, é impossível amar e servir a Deus, e ao mesmo tempo amar aquilo que Ele odeia e a que se opõe. O crente ama a Deus? Então precisa servir-lhe, Como Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (Mt 6.24).


A verdade dessa declaração se torna ainda mais evidente quando a natureza do sistema mundano é analisada, como João agora faz, em três expressões curtas e memoráveis: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida”.


Como João usa a expressão, pode ser que “a concupiscência da carne” refira-se aos desejos pecaminosos que brotam da natureza carnal do homem. Aqui podemos pensar sobre os pecados mais terríveis. Porém nos escritos de João, como em toda a Escritura, “homem pecador” ou “carne” usualmente têm conotação mais ampla, pela qual se refere a toda a natureza humana que está separada da graça de Deus em Cristo Jesus. Assim, é mais provável que “carne” seja compreendida de uma forma mais ampla neste contexto. Nesse caso, a expressão se referia a todos os desejos que excluem a Deus.


Claramente, não precisamos pensar sobre isso como se referindo em particular aos pecados mais hediondos, embora sejam parte do contexto. Em vez disso, podemos incluir toda a atividade que seja antagônica a Deus e insensível às necessidades dos outros.


A segunda expressão refere-se naturalmente à cobiça. Mas, outra vez, deve ser entendido num sentido mais amplo do que um simples desejo de possuir coisas. A “concupiscência dos olhos” certamente se refere ao desejo de “querer sempre mais” no que se refere à aparência da casa, ao segundo carro, à casa de campo e outras considerações materiais.


[...] Por fim, o mundanismo aqui é caracterizado como “o exagero daquilo que ele tem e faz”. A qualidade única dessa frase está não só em evitar os exageros, mas em excedê-los. Essa característica, que é a mais difícil das três, provavelmente é a mais súbita, pois é fácil ver com que rapidez uma ambição pode se tornar um tipo de orgulho que leva o indivíduo a se gloriar não em fazer o bem mas em ser melhor do que o próximo.


[...] A segunda razão por que o cristão não deve amar o mundo é a que fecha a passagem. É que tudo o que está no mundo é transitório e, assim, leva à destruição. O mundo é passageiro, João declara. Passageiros também são seus valores e aqueles que são caracterizados pelos seus valores. Que estupidez, então, dirigir as esperanças para o sistema mundano, por mais atraente ou recompensador que possa parecer.


Mas nada permanece? Sim, diz João. Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. O objeto de seu amor, mesmo o Pai, permanece para sempre. Seu amor, tendo sua fonte em Deus, permanece para sempre. Suas obras, sendo um aspecto da obra de Deus, permanecem para sempre, pois ele é o possuidor de vida eterna e herdeiro de todas as riquezas de Deus em Cristo Jesus. A conclusão é que os cristãos deveriam amar a Deus e servir-lhe com fervor.


• Vv. 15-17. As coisas do mundo podem ser desejadas e possuídas para os usos e propósitos que Deus as concebeu, e devem ser usadas por sua graça e para sua glória; porém, os crentes não devem buscá-las nem valorizá-las para propósitos em que o pecado abuse delas. O mundo aparta o coração de Deus, e quanto mais prevalecer o amor ao mundo, mais decairá o amor a Deus. As coisas do mundo são classificadas conforme três inclinações reinantes na natureza depravada:


1. Concupiscência da carne, do corpo: os maus desejos do coração, o apetite de satisfazer-se com todas as coisas que excitam e inflamam os prazeres sensuais.


2. A concupiscência dos olhos: os olhos deleitam-se com as riquezas e com as ricas propriedades; esta é a concupiscência da cobiça.


3. A soberba da vida: o homem vão anseia a grandeza e a pompa de uma vida de vanglória, o que compreende uma sede de honras e aplausos. As coisas do mundo se desvanecem rapidamente e morrem: o próprio desejo desfalecerá e acabará dentro de pouco tempo; porém o santo afeto não é como a luxúria passageira. O amor de Deus nunca desfalecerá.


Muitos esforços vãos têm sido feitos para encobrir a força desta passagem com limitações, distinções ou execuções. Muitos têm procurado mostrar o quão longe podemos ir estando orientados carnalmente e amando ao mundo, mas é difícil equivocar-se a respeito do evidente significado destes versículos. A menos que esta vitória sobre o mundo comece no coração, o homem não tem raízes em si mesmo e cairá ou, na melhor hipótese, será um professor estéril. De qualquer modo, estas vaidades são tão sedutoras para a corrupção de nossos corações, que se não vigiarmos e orarmos sem cessar, não poderemos escapar do mundo em alcançar a vitória sobre o seu deus e príncipe.


Conclusão


Amamos e servimos a Deus com fervor? Então precisamos nos afastar de tudo aquilo que pode nos separar desse amor e do nosso serviço a Ele. Quando Jesus chamou homens para serem seus discípulos, desafiou-os com as palavras “sigam-me”. Isso significava que eles teriam que deixar suas redes ou mesas de dinheiro ou qualquer outra coisa que estivesse ocupando sua atenção e tempo até aquele momento. De igual modo, quando somos chamados para abraçar a verdade do evangelho, precisamos rejeitar o erro. Quando somos chamados para a retidão, precisamos nos desviar do pecado. Quando somos chamados para amar a Deus, precisamos nos afastar de todos os amores e lealdades inferiores.










Extraído de:


Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.


BOICE, James Montgomery. As Epístolas Paulinas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 62-65.


HENRY, Mattew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2002


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Lição 07 - A Chegada do Anticristo










Leitura Bíblica em Classe


1 João 2. 18-26; 2 João 1.7






Introdução:






I. O espírito do Anticristo no mundo


II. A pessoa do Anticristo


III. Os Anticristos no mundo






Conclusão:






Palavras-chave: Anticristo






Introdução


Professor, os leitores de 1 João, do primeiro século, viveram nos últimos dias, e nós também. Durante este período, os anticristos aparecerão. Finalmente, pouco antes do fim, um grande anticristo surgirá (Ap 13.19,20). Porém, não precisamos temer estas pessoas perversas. O Espírito Santo nos mostrará seus erros, e assim não seremos enganados. Contudo devemos ensinar a Palavra de Deus, clara e cuidadosamente, aos membros da Igreja do Senhor, especialmente aos mais fracos, de forma que não venham a ser presas para esses ensinadores que “vem”... vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15).


I. O espírito do Anticristo no mundo


• Professor, inicie o tópico explicando que o termo “anticristo” pode ser aplicado tanto ao indivíduo como ao sistema que ele representa.


• Curiosamente, a palavra “anticristo” (gr. antichristos) aparece apenas em 1 João 2. 18-22; 4.3 e 2 João 7. O apóstolo João usou-a no singular (“o Anticristo”) e no plural (“muitos anticristos”). João dá a entender que seus leitores haviam ouvido que o Anticristo viria no futuro. Então, ele os surpreende dizendo que muitos anticristos já tinham vindo. João descreve estes anticristos menores como mentirosos que negam que Jesus é o Cristo (2.22). Neste sentido, anticristo é qualquer falso mestre que nega a Pessoa e a obra de Jesus Cristo. Tais mestres são verdadeiramente anti (contrários a) Cristo.


Em 1 Jo 4.1-3, João nos alerta para provar os espíritos e para nos certificarmos de que estes realmente provêm de Deus. Ele nos adverte de que muitos falsos profetas (Gr. pseudo-profeta) “tem saído pelo mundo afora”. São pessoas que não reconhecem que Jesus vem de Deus. Dentro deste contexto, João anuncia que “o espírito do anticristo [...] já está no mundo”.


O Espírito do Anticristo


[...] podemos afirmar, sem medo de errar, que o espírito do Anticristo está em ação. Este espírito anticristão faz todo o possível para rejeitar, negar e questionar a verdade acerca de Jesus Cristo. Ele tem estado em atividade desde o século I d.C., opondo-se ferozmente contra a obra de Jesus na terra.


Os escritores da Bíblia certamente criam que o espírito do Anticristo estava vivo e ativo no primeiro século. Por esse motivo, não lhes causou surpresa a rejeição ao cristianismo, acompanhada de perseguição e até mesmo martírio. Eles estavam convencidos de que a guerra espiritual entre Cristo e o Anticristo já havia começado.


Muitas e remotas referências cristãs ao Anticristo estão presentes no Apocalipse de Pedro, no Didaqué, na Ascensão de Isaías e na epístola de Pseudo-Tito. Também vemos tais referências nos escritos de diversos pais da igreja, como Irineu, Jerônimo e Hipólito. Irineu, que estudou com Policarpo — que, por sua vez, fora discípulo do apóstolo João — , disse que o Anticristo viria como “um apóstata”, personificando a “apostasia satânica”.


Desde o início da era cristã, os crentes sempre estiveram convictos de que um governante mundial, a encarnação de Satanás, em algum momento surgiria. Apocalipse 12,13 apresenta uma “trindade profana” que reúne Satanás (corresponde ao Pai), o Anticristo (corresponde ao Filho) e o Falso Profeta (corresponde ao Espírito Santo). O verdadeiro poder por trás do Anticristo é, portanto, Satanás. O “pai da mentira” é a origem do engodo que condenará multidões ao juízo de Deus (2 Ts 2.11).


II. Os Anticristos no mundo


O espírito do Anticristo está vivo e em ação. Trata-se da expressão está vivo e em ação. Trata-se da expressão, inspirada por Satanás, de desrespeito e rebeldia contra Deus, contra as coisas de Deus e contra o povo de Deus. Tal espírito está vivo desde que Satanás rondou o jardim do Éden. Ele tem sido a força motriz por trás de toda terrível história da raça humana: guerras, assassinatos, assaltos, estupros, etc. Estas são as repugnantes expressões da natureza destrutiva do próprio grande enganador.


Os autores do Novo Testamento nos asseguram que o espírito do Anticristo já agia em sua época, isto há quase vinte séculos. Ele continuou ativo ao longo de toda a história da Igreja, expressando-se em perseguições, heresias, enganos espirituais, falsos profetas e falsas religiões. Satanás vem combatendo a Igreja a cada passo, esperando pelo momento certo para habitar a pessoa certa — o Anticristo — em sua derradeira obra-prima.


Entretanto, conjecturar-se se certas figuras da atualidade seriam ou não o Anticristo não leva a lugar nenhum. Apenas no século XX, vimos algumas especulações fantásticas e incorretas. Todas são visualizações do futuro a partir do presente. Cada um padece da mesma deficiência: são sempre tentativas incertas baseadas em uma perspectiva limitada. Tragicamente, tais pessoas que propõem datas e apontam possíveis Anticristos afirmam saber mais do que os próprios autores das Escrituras.


O apóstolo Paulo comenta a respeito disso em 2 Tessalonicenses 2.1-12, quando nos diz que o “Dia de Cristo” não virá “sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado”. Em seguida, ele declarará: “vós sabeis o que detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado” (v.6). Somente após o arrebatamento da Igreja, será revelada a identidade do Anticristo. Em outras palavras, você não quer saber quem ele é. Se algum dia você descobrir quem ele é, significa que foi deixado para trás!


A cada geração, Satanás precisa preparar um homem para ser sua maior realização. Não se surpreenda, portanto, com diversos candidatos aparecendo no horizonte da história humana apenas para desaparecerem logo adiante. Satanás precisa esperar o momento definido por Deus, de forma que ele está derrotado antes mesmo de iniciar seu ataque final. Ele continuará impelido de agir até que Deus retire o poder que o detém; a saber, o Espírito Santo que habita a Igreja. O Espírito, portanto, é o agente; a Igreja, o meio. Dessa forma, Deus retém o plano diabólico de Satanás até que o Pai nos chame para estar com Ele nos céus.


Nesse meio tempo, Satanás aguarda sua oportunidade de arruinar o mundo inteiro e o plano supremo de Deus. Ele pode ser um adversário derrotado, mas está decidido a lutar até o fim. Mesmo agora, segue em frenética atividade, buscando o homem correto para ser o Anticristo.


• O anticristo será o mais notável líder político que o mundo já conheceu. Ele aparentará ser o epítome da inteligência e do poder humano. Artuhur W. Pink escreve: “Satanás teve todas as oportunidades de estudar a natureza decaída do homem [...] O diabo sabe muito bem como deslumbrar as pessoas com a sedução do seu poder [...] sabe como satisfazer a sede de conhecimento [...] Podemos nos deleitar com músicas e deliciar nossos olhos com belezas arrebatadoras [...] sabe como exaltar as pessoas ao píncaro da glória e da fama, para, em seguida, usar esta fama contra Deus e seu povo” (Pink, p.77).


Veja a lista abaixo de características do Anticristo, tais quais estão relacionadas nas Escrituras:


1. Intelectualmente poderoso (Dn 7.20).


2. Orador impressivo (Dn 7.20).


3. Mestre político (Dn 11.21).


4. Possuidor de grandes habilidades comerciais (Dn 8.25).


5. Gênio militar (Dn 8.24).


6. Perito administrador (Ap 13.1,2).


7. Experto em religião (2 Ts 2.4).


Conclusão


Aquele que é chamado de antichristos (“anticristo”) se opõe a Cristo, enquanto que o pseudochristos (“falso Cristo”) afirma ser o próprio Cristo. A descrição bíblica mostra que ele é ambos. Inicialmente, ele se apresenta como o “salvador” da nação de Israel, firmando uma aliança para protegê-la (Dn 9.27). Dessa maneira, ele aparece ser o messias há muito aguardado. Na verdade, porém, ele se opõe a todas as profecias acerca do verdadeiro Messias.


• Professor, você pode reproduzir a tabela abaixo no quadr-de-giz. Explique aos seus alunos que o contraste entre Cristo e o Anticristo demonstram que ambos são completamente opostos.






CRISTO ANTICRISTO


A Verdade A mentira


O Santo O iníquo


Homem de dores Homem de pecados


Filho de Deus Filho e Satanás


Mistério de Deus Mistério da injustiça


Bom Pastor Pastor inútil


Exaltado nas Alturas Lançado no inferno


Humilha-se a si mesmo Exalta-se a si mesmo


Desprezado Admirado


Purifica o templo Profana o templo


Deu a vida pelas pessoas Mata as pessoas










Extraído de:


Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.


BOICE, James Montgomery. As Epístolas Paulinas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 62-65.


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Lição 08 - A Nossa Eterna Salvação










Leitura Bíblica em Classe


1 João 3.1-5;Romanos 8.14-17










A palavra salvação significa, em primeiro lugar, ser tirado de um perigo, livrar-se, escapar. A Bíblia fala de salvação como a libertação do tremendo perigo de uma vida sem Deus ( At 26.18; Cl 1.13). Tradução da palavra grega soterion, tem a significação de “tornar ao estado perfeito” ou “restaurar o que a queda causou”. A salvação desfaz, assim, as obras do Diabo (1 Jo 3.8)


A Salvação preparada para o mundo perdido nasceu no coração amoroso de Deus. Por isso, a multidão salva, vestida de vestes brancas, cantará nos céus: “Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono” ( Ap 7.10).


No dia da queda do homem, Deus prometeu enviar um Salvador. Ele disse a respeito da semente da mulher: “Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher ( Gl 4.4). A promessa cumpriu-se literalmente, sendo uma expressão do amor divino: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito” (Jo 3.16).


Jesus é o único meio da salvação, Ele foi chamado desde o seu nascimento, de “Salvador” (Lc 2.11), porque Ele veio para salvar (Mt 1.21).


Jesus ganhou a salvação por sua morte na cruz, “havendo por Ele feito a paz pelo sangue da sua cruz” ( Cl 1.20). “E, pela cruz, reconciliar ambos com Deus” (Ef 2.16). Pois que “pelo sangue de Cristo chegaste perto” (Ef 2.13). A “rude cruz se erigiu” e a sua mensagem se tornou eterna.


Deus predestinou, por antecipação, o plano da nossa salvação, isto é, o meio pelo qual devemos ser salvos. Em Efésios 1.5, está escrito: “Nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo”, isto é, Jesus foi dado como o sacrifício pela expiação dos nossos pecados desde a eternidade. Assim a Bíblia diz que Jesus foi morto desde a fundação do mundo ( Ap 13.8) e que Cristo, como cordeiro imaculado e incontaminado, foi conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1.20).


Deus “nos predestinou para filhos de adoção” (Ef 1.5). Aqui observamos a finalidade da nossa salvação por Jesus – Deus predestinou que os pecadores fossem, por Jesus, feitos filhos da adoção. Quem adota uma criança, atribui-lhe o direito de um filho próprio, e legitima-o para desfrutar desses direitos.


A Bíblia diz que “Somos, logo, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm 8.17).


Para ser salvo importa somente vir a Jesus, aceitando-o como o seu Salvador (Jo 1.12,13; Cl 2.6) e recebendo a sua Palavra como uma parte dEle mesmo (1 Ts 1.6; 2.13; 1 Tm 1.15). Assim o homem se identifica com Jesus e com a sua Palavra! “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” ( 2 Co 5.17). Essa aceitação de Jesus independe de um amplo conhecimento das doutrinas da Bíblia. Aquele que sinceramente crer que Jesus é o Filho de Deus e o aceitar experimenta logo o contato com Cristo Vivo, e é salvo e identificado com a nova vida (At 8.37;16.31).


A salvação é um dom de Deus (Ef 2.8; Rm 6.23) dado por sua graça (Rm 5.15). Não vem pelas obras. O Espírito Santo (Jo 16.8,9) e a Palavra de Deus (Rm 10.8,14-17) operam o despertamento no homem, fazendo a sua vontade buscar e aceitar a salvação. “Crer em Jesus” e “ receber a salvação” são expressões sinônimas ( Jo 1.12,13). A fé salvadora se expressa pela oração a Deus em nome de Jesus. “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” ( At 2.21). “Com a boca se faz confissão para a salvação” ( Rm 10.10). No momento em que a pessoa se entrega a Jesus, com a sua boca começa a confessar sua alegria e gratidão. A certeza de ser salvo se manifesta (Rm 10.9; Sl 51.12).


O testemunho do Espírito em nós, evidencia o recebimento da salvação! Já observamos que Deus envia o seu Espírito para testificar na alma daquele que se converteu (Gl 4.6). Quando Deus escreve nosso nome no Livro da Vida (Lc 10.20), Ele nos manda “o protocolo” pelo testemunho do Espírito Santo (Rm 8.16, 1 Jo 3.24; 4.13). Devemos tomar cuidado para que esse testemunho em nós jamais silencie (Ef.4.30). Extraído do livro Introdução àTeologia Sistemática de Eurico Bergstén, CPAD.


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Lição 09 - O crente e as bênçãos da salvação










Leitura Bíblica em Classe


1 João 3.6-10






Muitas coisas acontecem na vida do homem que recebe a Jesus como seu Salvador. Ele é salvo dos seus pecados, a salvação o livra da culpa e do poder do pecado. O crente fiel é salvo do juízo, da ira de Deus e da morte eterna. Ele entra em comunhão com Deus, recebe entrada na sua graça e torna-se cidadão do céu. Por ser salvo, ele tem no coração um lugar para o Espírito Santo agir em sua vida. A salvação dá ao homem uma viva esperança e direito a glória eterna e assim é salvo da ira de Deus.


I - A posição do crente diante do pecado


Mantendo-se regularmente distante do mal, o crente guarda a sua alma. A Bíblia diz repetidamente: “O que guarda a sua alma, retira-se para longe dele [do caminho perverso]” (Pv 22.5); “Não te aproximes da porta da sua casa [do pecado]” (Pv 5.8) se põe em perigo. Quando Pedro seguiu de longe, pôs-se em perigo! (Lc 22.54,55). Por isso é que devemos seguir o Senhor de perto ( Sl 63.8). O crente também deve evitar a companhia daqueles que dão mau exemplo (1 Co 15.33; Pv 22.24; 20.19;Sl 1.1; Js 23.12,13), não devendo impressionar com a maioria, que prosegue para fazer o mal (Êx 23.2). A Bíblia diz: “O alto caminho dos retos é desviar-se do mal” (Pv 16.17).


II - O crente e a sua comunhão com Deus


Andar com Deus é o mais perfeito sinônimo de comunhão com o Pai Celeste. Diz a Bíblia que andou Enoque com Deus. E tão profunda era a intimidade que fruía com o Senhor, que o próprio Senhor, um dia, o tomou para si (Gn 5.24). Vivendo ele numa das era mais ímpias da história da humanidade, não somente andou com Deus como também testemunhou, publicamente, acerca da justiça divina. Sua comunhão com o Senhor, portanto, não era apenas particular; era notória e aberta. Profeta do Altíssimo, condenou toda a sua geração que, irremediavelmente ímpia, recusava o oferecimento da graça divina.


Andar com Deus significa, ainda ter uma vida como a de Eliseu que, por onde quer que fosse, era de imediato reconhecido como homem de Deus (2 Rs 4.9). E Abraão? Pelo próprio Deus foi chamado de amigo (Is 41.8).


1. A meditação na Palavra de Deus


A Bíblia é a inspirada, a inerrante, a infalível, a soberana e a completa Palavra de Deus. Quanto mais lermos a Bíblia, mais sábios tornaremos. Ela orienta-nos em todos os nossos caminhos; consola-nos quando nenhum consolo humano é possível; mostra-nos a estrada do calvário e leva-nos ao lar celestial.


Os crentes que lêem a Bíblia diariamente são mais sábios e acham-se melhor preparados, a fim de enfrentar as lutas e as dificuldades que nos juncam o cotidiano. Faça da Palavra de Deus o seu lenitivo.


2. Oração


Oração é o ato pelo qual o crente, através da fé em Cristo Jesus e mediante a ação intercessora do Espírito Santo, aproxima-se de Deus com o objetivo de adorá-lo, render-lhe ações de graça, interceder pelos salvos e pelos não-salvos, e apresentar-lhe as petições de acordo com a sua suprema e inquestionável vontade (Jo 15.16; Rm 8.26;1Ts 5.18; 1Sm 12.23; 1Jo 5.14). Tiago afirma: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tg 5.16-18). Estivéssemos nós conscientes desta verdade, cultivaríamos ainda mais esta doce e amorosa disciplina da vida cristã. Sem oração jamais haveremos de mover a mão de Deus para que aja sobrenaturalmente, no mundo, por intermédio de seu povo.


3- Jejum


Jejuar, a palavra vem do latim, jejunare, com o sentido da prática do jejum; abster-se de comer, ou abstinência de alguma coisa.


Jejum é abstinência total ou parcial de alimentos durante um determinado período, visando aprimorar o exercício da oração e da meditação. O jejum bíblico não pode ser visto como penitência, mas como um sacrifício vivo e agradável a Deus. Para que seja aceito, deve ser o jejum acompanhado de justas e piedosas intenções.


Mesmo não sendo um mandamento, a prática do jejum é muito salutar para a vida espiritual, como um reforço à oração e súplica, seja de modo sistemático, ou nem momentos em que se faz necessária uma maior contrição diante de Deus. Jesus jejuou. Este é um exemplo marcante. Homens de Deus jejuaram, inspirando-nos a seguir-lhes o exemplo. O jejum físico só tem valor quando a pessoa já vive em jejum espiritual (abster-se e atitudes que não agradam a Deus), na comunhão com Deus.


III - A salvação nos habilita para o serviço cristão


Serviço cristão é o trabalho que, amorosa e voluntariamente, consagramos a Deus, visando a expansão de seu Reino até aos confins da terra, no poder e na unção do Espírito Santo, sem jamais descurar de nossas obrigações assistenciais (At 1.8; Gl 2.10).


O serviço cristão não é apenas prática; é doutrina e teologia; encontra-se fundamentado nas Escrituras Sagradas e na experiência histórica da Igreja. Por conseguinte, nos permitido afirmar: o Serviço Cristão é a teologia em ação.


Se não nos dedicarmos integral, sacrificial e amorosamente ao Serviço Cristão, como nos haveremos ante o Tribunal de Cristo? De casa um de seus filhos, exige Ele que não somente se envolva, mas que se comprometa com a divulgação do Evangelho até aos confins da terra.






Conclusão


O Senhor Jesus foi, em todas as coisas, um singular exemplo. Como seus discípulos, devemos também nos dedicar e seguir seu exemplo.










Extraído de:


ANDRADE, Claudionor de. As Disciplinas da Vida Cristã: Como alcançar a verdadeira espiritualidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.


BERGSTÉN, Eurico. Introdução à Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.


LIMA, Elinaldo Renovato de. Aprendendo Diariamente com Cristo: Como viver uma vida cristã em um mundo em conflito. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.


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Lição 10 - Os Falsos Profetas










Leitura Bíblica em Classe


1 João 4.1-6






Como distinguir as profecias falsas das verdadeiras?


João começa com a declaração de que existem falsos profetas, bem como profetas verdadeiros, e com a ordem aos cristãos para que faça uma distinção entre eles. Ao mesmo tempo, ele indica qual é o ponto importante em fazer essa distinção. Não é se o fenômeno sobrenatural está presente, por o Diabo também pode realizar milagres. É uma questão de definir a fonte da inspiração do profeta. Seria Deus? Nesse caso, o profeta é verdadeiro. Se não é Deus, então ele não deve merecer crédito nem ser seguido, independentemente de quão grande seja a sua sabedoria ou de quanto impacto sua atividade provoque.


Quando João diz que muitos falsos profetas virão ao nosso mundo, não necessariamente está pensando a respeito de sua época. De fato, ele saberia que sempre houve falsos profetas e que o povo de Deus sempre teve a tarefa de distinguir entre aqueles que são de Deus e aqueles que falam da parte de si mesmos ou pelo poder do Diabo. O Antigo Testamento contém um exemplo magnífico no caso de Micaías e os profetas do rei Acabe, registrado em 1Reis 22. O rei Acabe, de Israel, havia tentado persuadir o rei Josafá, de Judá, a se juntar a ele numa batalha contra a Síria para anexar um pedaço do estado de real, conhecido como Ramote-Gileade, mas Josafá estava inseguro. Ele queria perguntar a um profeta se a iniciativa tinha a bênção do Senhor. Quando expressou esse desejo, Acabe respondeu chamando 400 profetas da corte, que então testificaram: “Sobe, porque o Senhor a entregará na mão do rei” (v.6).


Nesse momento, Acabe ficou Feliz; mas Josafá não estava satisfeito, pois sentiu que aqueles homens eram apenas peões pagos por Acabe com propósitos de propaganda. Josafá perguntou: “Não há aqui ainda algum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?”(v.7) Acabe admitiu que havia um homem chamado Micaías, mas disse que o odiava porque nunca tinha profetizado nada de bom dobre si. Mesmo assim, pela insistência de Josafá, aquele profeta impopular foi chamado. De início, o profeta ridicularizou os reis, dizendo exatamente o que os falsos profetas tinham profetizado. Mas todos compreenderam o que ele estava fazendo, e Acabe por fim perguntou: “Até quantas vezes te conjurarei, que me não fales senão a verdade em nome do Senhor?” (v.16).


Micaías responde, conforme Deus o havia instruído: “Vi todo Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm Senhor; torne casa um em paz para sua casa”(v.17). Aquilo foi de modo evidente uma profecia sobre a morte de Acabe, e foi obviamente impopular. Micaías foi preso. Porém, quando estava sendo levado para a prisão, exclamou: “ Se tu voltares em paz, o Senhor não tem falado por mim” (v 28). E mais, ele desafiou todo o povo a registrar aquela profecia.


Aqui está precisamente o problema com o qual João estava lidando em suas igrejas. É a questão a respeito de quem está certo. E existe um teste – um teste muito importante – pelo qual os profetas verdadeiros e falsos podem ser distinguidos: o cumprimento. A profecia de quem se torna realidade? Acabe será morto? Israel será disperso ou voltará vitorioso? Nesse caso, Micaías foi vingado. É esse o teste que Jeremias dá: “O profeta é que profetizar a paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou” (Jr 28.9). Ou, para apresentar essa declaração do lado negativo, também existe o teste dado ao povo em Deuteronômio: “Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Dt 18.22).


Mas suponha que a profecia ou um falso profeta se refira a algo que se cumpra. É concebível. Suponha que a profecia seja um modo tão geral ou envolva um material tão didático que simplesmente não possa ser testada desse modo. E aí? Nesse caso, diz Deuteronômio, o profeta deve ser testado observando-se se ele leva ou não o seu povo a servir a falsos deuses. “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e de ter um sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras daquele profeta sonhador de sonhos, porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma” (Dt 13.1-3).


Devemos também confrontar a profecia com os princípios bíblicos, se houver divergência, a profecia é falsa. “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).






Extraído de:


BOICE, James Montgomery. As Epístolas de João. Rio de Janeiro: CPAD,2006.


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Lição 11 - O Amor a Deus e ao Próximo










Leitura Bíblica em Classe


1 Jo 4.7-16






Introdução


João começa com uma exortação apaixonada aos seus leitores de “amar-nos uns aos outros”, uma frase que é repetida três vezes, nos versículos 7,11 e 12. Essa é sua maior preocupação, e as razões para essa preocupação são demonstradas em conexão com essa repetição tripla. A primeira razão é que o amor está na natureza de Deus; assim, os cristãos devem “amar uns aos outros”. A segunda razão refere-se ao presente de Deus em Cristo; assim, os cristãos devem “amar uns aos outros”. A terceira razão refere-se à atividade presente de Deus em e por meio do seu povo; por esse motivo, também os cristãos devem “amar uns aos outros”. Até este momento, o amor foi visto principalmente como um dever estabelecido entre os crentes. Agora ele é visto como de fato é, uma disposição que parte da natureza divina e que, pela graça de Deus, agora também está em cada cristão.


Amemo-nos uns aos outros


Amar uns aos outros é mais do que uma exortação. Ela flui naturalmente da afirmação de que a caridade (amor) é de Deus. Se um homem tem comunhão com Deus, é nascido de Deus e caminha na luz, invariavelmente amará os outros porque a caridade é de Deus.


Embora João provavelmente esteja se referindo ao amor pela comunidade cristã, o amor pelas pessoas em geral não pode ser excluído. O amor, então, torna-se um teste do nosso relacionamento com Deus. O apóstolo não diz que todo aquele que é nascido de Deus manifesta amor, mas que qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Com isto, “ele certamente não quer dizer que em cada pessoa que sente uma onda repentina de amor emotivo – homem por mulher, mãe por filho – haja um sinal do amor divino, indicando uma vida dada por Deus. Pode haver alguns elos entre as formas mais elementares de amor [...] e o amor divino, mas não é o que o nosso autor está procurando transmitir”. Uma distinção deve ser observada entre o que chamamos de amor natural e amor cristão, embora a diferença nem sempre possa ser prontamente discernida.


Conheci um homem, um incrédulo confesso, que demonstrou ao longo dos anos um amor e devoção à sua esposa doente e inválida que eu nunca vi ser superados no meio cristão. A única resposta para o dilema que essa observação levanta é que esse amor não foi manifesto em nenhuma outra área da sua vida.


Amor Divino


João afirmou diversas vezes que o relacionamento com Deus é um relacionamento de conhecimento (2.4,13,14;3.6;4.7). Em sua afirmação Deus é caridade (amor), ele fala de um verdadeiro conhecimento de Deus, da própria natureza de Deus e não de um conhecimento acerca de Deus. Essa natureza foi manifesta em Jesus Cristo. Ela se manifesta especialmente para conosco (v.9) porque nós a recebemos. Onde não há recepção não há revelação. Aqueles que andam na luz são capacitados a saber que Deus é amor.


O versículo 9 nos mostra que o amor de Deus em Cristo tinha um objetivo. Cristo era o seu instrumento enquanto homem era o seu objeto de contato com o mundo. “Deus amou de tal maneira que enviou seu filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos”. Em Cristo, vemos o amor de Deus. Por meio de Cristo experimentamos esse amor. Somente quando o Cristo por nós é realmente o Cristo em nós, exaurimos o significado de Deus (Deus é amor).


O amor de Deus pelo homem não é uma reação ao nosso amor. A resposta é nossa. Nosso amor depende do seu amor e é o resultado desse amor. Em Cristo, Deus amou a estranha criatura pecaminosa chamada homem e reconciliou-se com ele. Na encarnação, Deus não se tornou favoravelmente inclinado ao homem. Isso podia ser alcançado por meios muito mais fáceis e é amplamente demonstrado no Antigo Testamento. Mas ao tornar-se homem, Deus reconciliou o homem consigo mesmo – Ele fez o que o homem não podia fazer.


“Ninguém jamais viu a Deus” (v.12). Isso parece, num primeiro momento, ser uma intrusão na sequência de ideias. O autor está provavelmente advertindo seus leitores a não tentarem conhecer a Deus de nenhuma outra forma exceto de forma que ele está descrevendo. Muitas pessoas têm procurado encontrar a Deus e muitos têm afirmado conhecer a Deus de uma perspectiva mais clara do que na Igreja Cristã. João está dizendo que todas essas tentativas falharam. Podemos aprender algumas coisas a respeito de Deus por intermédio da pesquisa, mas o Pai não pode realmente ser conhecido exceto por intermédio da sua auto-revelação como amor em Jesus Cristo.


Conclusão


Visto que Deus é perfeito e o amor é a sua natureza, em que sentido deve o seu amor se tornar perfeito em nós? A resposta deve ser entendida em relação ao propósito para qual esse amor foi dado. Deus não derrama seu amor em nós para ser consumido por nós. O amor voltado para si mesmo é autodestrutivo. Deus nos ama para que possamos amar os outros. Seu amor em nós é aperfeiçoado quando se torna fraternal (2.5;4.12). Poucas vezes o apóstolo fala do nosso amor por Deus e quando o faz, isso ocorre de maneira indireta (4.10,19,20). Para João, os três aspectos do amor são os seguintes: 1) Deus nos ama; 2) seu amor habita em nós; 3) e amamos os irmãos.


Extraído de:


TAYLOR. Ricahrd S. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 319 - 320.


BOICE, James Montgomery. As Epístolas de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 135-136.


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Lição 12 - O Testemunho Interior do Crente










Leitura Bíblica em Classe


1 João 5.1-10










Introdução:






I. Nascidos de Deus


II. Os Filhos de Deus e o Amor


III. Os Filhos de Deus e a Obediência


IV. O Tríplice Testemunho






Palavras-chave: novo nascimento, filhos de Deus


Professor, converse com seus alunos explicando que João inicia o capítulo cinco fazendo uma recapitulação da sua mensagem. Quem crer que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus. Sabemos que estamos entre os renascidos quando amamos os filhos de Deus, amamos a Deus e obedecemos às Suas ordens. Somente um novo nascimento pode fornecer automaticamente esse tipo de vitória sobre o mundo (5.1-5). João fala de tríplice testemunho: Espírito, água e sangue, que autenticam o testemunho interior de Cristo como Filho de Deus (vv. 6-10). Este testemunho confirma o fato de que temos a vida eterna (vv. 11,12). Neste sentido, João escreve que agora sabemos que temos a vida eterna e podemos nos aproximar de Deus com a certeza de que Ele nos ouve (vv. 13-15).


I. Nascidos de Deus


“Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (1 Jo 5.2).


João ensina que a verdadeira fé em Jesus expressa-se em nossas vidas. Desde o momento em que vivenciamos amor aos outros e a Deus. E decidimos por nós mesmos obedecer aos seus mandamentos, passamos a entender o que é verdadeiramente nascer de novo.


II. Os Filhos de Deus e o Amor


João, anteriormente, disse que é uma característica do filho de Deus amar, uma vez que Deus é amor (4.7,8). Agora ele demonstra de igual modo que é uma característica do filho de Deus ser amado por aqueles que também são membros da família de Deus.


Todos acreditam que o amor é importante, mas o amor é normalmente considerado como um sentimento. Na verdade, é uma escolha e uma ação, como 1 Coríntios 13.4-7 demonstra. Deus é a fonte de nosso amor: Ele nos amou o suficiente para sacrificar seu Filho por nós. Jesus é nosso exemplo do que significa amar; todas as coisas que Ele fez em sua vida e morte deve ser considerada supremas demonstrações de amor. O Espírito Santo nos dá o poder de amar (Rm 5.5). Ele vive em nosso coração e nos torna cada vez mais parecidos com Cristo. O amor de Deus sempre envolve uma escolha e uma ação e nosso amor deve ser como o dEle. Como você demonstra seu amor a Deus em suas escolhas e atitudes?


João diz, “Deus é amor” e não “o amor é Deus”. Nosso mundo, com sua visão superficial e egoísta do amor, distorceu estas palavras e contaminou a nossa compreensão em relação ao amor. O mundo pensa que o amor é o que faz uma pessoa se sentir bem e que não há problema em sacrificar os princípios morais e os direitos dos outros a fim de obter tal “amor”. Mas este não é o verdadeiro amor; é exatamente o oposto — o egoísmo. E Deus não é este tipo de “amor”. O verdadeiro amor é como Deus, que é Santo, Justo, e Perfeito. Se verdadeiramente conhecermos a Deus, amaremos como Ele ama.


III. Os Filhos de Deus e a Obediência


O amor separado da obediência aos mandamentos de Deus não é amor. Assim, João imediatamente passa do amor para a questão dos mandamentos de Deus, dizendo “porque esta é a caridade de Deus, que aguardemos os seus mandamentos”. Com frequência os cristãos tentam transformar o amor por Deus numa experiência meramente emocional, mas João não permite isso; o amor pelo próximo significa o amor que se expressa “por obra e em verdade” (3.18). De igual modo, o amor por Deus significa um amor que se expressa na obediência aos seus mandamentos.


IV. O Tríplice Testemunho


A melhor explicação para o tríplice testemunho (5.6,7) é a apresentada por Tertuliano, no século segundo. “O Espírito é o Espírito Santo. A água é o batismo de Jesus pelo qual ele afirma a sua identidade conosco enquanto seres humanos. O sangue foi o vertido na cruz, através do qual ele aperfeiçoou a nossa salvação.


Os três testemunhos acima são objetivos. O Espírito realizou milagres através de Jesus. O Pai confirmou sua identidade no batismo e o Filho morreu, de fato, sobre a cruz, acontecimento este testemunhado por dezenas de pessoas. Quando alguém testemunha externamente de Jesus, Deus o Pai nos dá um testemunho no coração. A fé atua como o próprio testemunho. Ao crermos, de alguma forma sabemos que a história de Jesus é verdadeira. E nossa certeza é confirmada pela forma como Deus passa a atuar em nossas vidas.


Conclusão


Quem crê no Filho de Deus tem a vida eterna. Ele é tudo o que você precisa. Você não necessita esperar pela vida eterna, porque ele começa no momento em que você crê. Você não precisa trabalhar por ela, porque já é sua. Você não precisa se preocupar, porque recebeu a vida eterna do próprio Deus — e está garantida. Apenas mantenha-se fiel ao Senhor.


Extraído de:


RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2005. p. 896.


BOICE, James Montgomery. 1. ed. As Epístolas de João. Rio de Janeiro, CPAD, 2006. pp. 150,151.


Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro, CPAD, pp. 1786,1788.


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Lição 13 - A Segurança em Cristo










Leitura Bíblica em Classe


1 João 5.13-21










O propósito de João de escrever essa epístola foi expresso de forma muito simples: para que saibais que tendes a vida eterna. O evangelho, então, foi escrito para que as pessoas pudessem ter vida e a epístola para que elas soubessem que possuem essa vida. As palavras-chave da epístola são assegurar, confiança, saber e crer, bem como vida, amor e fé.


No versículo 14, João escreve: E esta é a confiança que temos nele. Em três oportunidades, João falou da confiança (parresia): duas vezes em conexão com o Dia do Juízo (2.28; 4.17) e uma vez em conexão com oração (3.21). “Assim mais duas ideias chave da epístola podem ser encontradas nessa recapitulação: ousadia para com Deus e amor fraternal; porque é o amor aos irmãos que nos leva a orar por eles”.


Essa confiança ou “ousadia” que vem do conhecimento de possuir a vida eterna resulta em uma confiança em relação à oração pelos irmãos. Se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. Alguma coisa não se refere a todos os pedidos que fazemos, independentemente de quão apropriados possam ser; esse termo se refere, primeiramente, a qualquer coisa referente à salvação de um irmão (16). Temos aqui a oração intercessora e insistente. Encontramos duas limitações nesse texto: primeiro a oração deve ser segundo a sua vontade. Ela é uma “identificação ativa com a vontade divina, um elevar da nossa vontade ao nível do desejo de Deus, não uma tentativa de persuadir Deus para satisfazer os nossos desejos”. Mas nem sempre é possível conhecer exatamente qual é a vontade de Deus. Nas palavras de Paulo: “não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26). Contudo, em geral sabemos que é da vontade de Deus que todos gozem da vida eterna e tornem-se filhos de Deus.


Em segundo lugar, nossas orações são limitadas por aqueles por quem oramos – os irmãos. Os versículos 15-17 provavelmente se referem basicamente a alguém que pecou inadvertidamente (2.1-2) e por alguma razão persiste nesse pecado. Esse alguém continua sendo chamado de irmão e significa alguém que pertence à comunidade de crentes, mas que ao mesmo tempo, vive na iniquidade(v 17).


João faz uma distinção entre os tipos de pecados – alguns são para morte e outros não são. O pecado para a morte não é um pecado em particular, mas um pecar habitual. Devemos nos desfazer da ideia [...] de que “pecado para a morte” é um pecado que pode ser reconhecido por àqueles que estão próximos daquele que comete esse pecado [...] Ele sugere que alguns pecados podem ser reconhecidos como não sendo pecados “para a morte”: ele não diz nem sugere que todo ‘pecado para morte’ pode ser conhecido como tal.


Cometer o pecado [...] para morte é pecar voluntariamente e se “alguém persiste em pecar, isso acabará levando-o a um afastamento definitivo da vida divina. Há também um pecar que não é para morte. A diferença está na motivação da alma. Isso pode ser ilustrado por um homem em uma escada. Uma pessoa não pode determinar a sua verdadeira condição até que descubra se está indo para cima ou para baixo. Algumas pessoas em pecado estão lutando para sair enquanto que outras permitem afundar-se cada vez mais no pecado. Deus conhece a diferença, e somos assegurados de que Ele dará a vida àqueles que não pecarem para morte (16).


Não há aqui nenhuma sugestão ou implicação de um pecado ou um hábito de pecar que Deus não vá perdoar. João diz que um homem pode afastar-se de Deus e continuar se afastando até que não consiga mais ouvir a Deus; ele pode andar na escuridão até que esteja fora do alcance da luz.


Mas o tópico principal do apóstolo aqui é a oração, a oração intercessora, um corolário próximo do amor fraternal.


Orar assim é orar com fé, pedindo qualquer coisa, tudo pelos irmãos, mas deixando os resultados à vontade de Deus, que sabe o que está acontecendo. E para que não se pense que a incerteza por parte da pessoa que está orando pareça lançar dúvida sobre o fato do pecado ou pareça tratá-lo levianamente, ele diz que toda iniquidade é pecado (17). O pecado também “é iniquidade” (3.4). É melhor que não saibamos o que está acontecendo no coração de um irmão; acabaríamos sendo severos demais ou moles demais com ele. Não cabe a nós conhecer ou julgar. A nós cabe orar. Deus fará o restante.


A fórmula de João para a oração intercessora é ótima: 1) Ore pelos irmãos; 2)Orem em fé; 3)Ore sabendo que Deus ouve você; 4)Ore sabendo que Deus responderá de acordo com a vontade dEle.


Por meio dessa epístola, João continua falando a nós hoje, porque ele anuncia a Palavra viva de Deus. Seu êxito nessa tarefa depende de quão bem ouvimos e de quão bem, sob a orientação de Deus, tornamos a história atual. Amém!






Extraído:


TAYLOR. Ricahrd S. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2006